terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Incêndio da Casa Longhi



A Casa Longhi era uma loja de modas (como era classificada na época), onde se vendiam trajes masculinos e femininos para diversas ocasiões, além de sapatos, cintos, meias, lenços, chapéus, enfim, tudo que seria necessário para se trajar adequadamente.


Não me lembro exatamente a data, mas era um domingo já nos meses finais do ano de 1971, por volta das 11h00, a Banda Sinfônica da Volkswagen dava um concerto no coreto da Praça da Matriz quando irrompe o fogo no prédio, um sobradão altivo, em cuja fachada flutuava uma marquise art decô de ferro e vidro jateado, sem conexão com as linhas sóbrias da construção típica do século XIX.




A população, extasiada, se dividia entre as duas atrações: o fogaréu e a música. Enquanto se aguardava a chegada dos bombeiros de Sorocaba, pois não havia destacamento em Itu, um grupo de voluntários intrépidos seguem pela Rua 7 de Setembro e alcançam o Salão de Snooker que havia e descem com as pesadas mesas, outro grupo adentra na pastelaria de um chinês que havia no térreo naquela fachada, e retira todas as máquinas e equipamentos, mas de forma desastrosa, arrebentando-as todas e aumentando o prejuízo do empreendedor oriental, que aos gritos, tentava detê-los.




Quando o fogo já estava alto e praticamente incontrolável, a Banda Sinfônica ataca a Cavalaria Rusticana de Leoncavallo e neste momento, entre a alameda de palmeiras imperiais surge o primeiro carro do comboio de bombeiros, num sincronismo digno de filme americano.




Mas era tarde, a estrutura de alvenaria, adobe e pau a pique não suportou o calor e desabou.




Foi desta forma espetacular e até festiva que Itu perdeu mais um de seus tesouros arquitetonicos.

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